O filme Solange Du Hier Bist (2006), do realizador alemão Stefan Westerwelle, foi o grande vencedor da 11.ª edição do Queer Lisboa - Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que ontem chegou ao fim.
O prémio foi atribuído por maioria pelo júri da secção competitiva para a Melhor Longa-Metragem de Ficção, presidido pela actriz Cucha Carvalheiro, e constituído também por Ales Rumpel (director e programador do Festival Mezipatra de Praga), Giuseppe Savoca (programador do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Turim) e Inês Meneses (radialista).
O mesmo júri decidiu ainda atribuir uma menção especial à actriz brasileira Carla Ribas pela sua interpretação em A Casa de Alice , de Chico Teixeira. Digníssimo vencedor, Solange Du Hier Bist é uma primeira obra, um trabalho de fim de curso de Stefan Westerwelle na Academy of Media Arts (Colónia). O júri justificou a distinção pelo "equilíbrio entre a forma e o conteúdo, e porque a solidão e a proximidade da morte, temas não frequentemente tratados no cinema, fazem com que o filme abra portas a públicos, independentemente da sua sexualidade".
Rodado em vídeo digital, o filme mostra o relacionamento de um homem idoso com um jovem prostituto.Stefan Westerwelle admitiu que teve "liberdade total" para fazer o filme que entendesse. A ideia que deu origem a Solange Du Hier Bist acompanhava-o há já alguns anos. Depois de terminada a escola, foi objector de consciência e prestou serviço num lar de idosos. "Foi a primeira vez que fui confrontado com a morte e com a consciência de que, também eu, morrerei e que o ambiente à minha volta irá mudar". O realizador alemão referiu que "tinha também curiosidade sobre o que era ser mais velho do que eu".
Quanto ao facto de as personagens idosas serem raras no cinema queer, Westerwelle observou que esse não é o único aspecto que está ausente deste cinema. E confessou ainda que a sua vida mudou depois do Festival de Locarno (onde o filme mereceu uma menção especial do júri): "Antes não tinha a mesma autoconfiança. Não sabia bem o que ia fazer, porque fazer cinema pode não dar dinheiro. Mas a minha vida mudou depois desse festival." O cineasta revelou que o filme terá estreia na Alemanha em Outubro, e que tem já um gabinete em Paris a projectar a sua eventual venda para outros territórios europeus.
Quanto ao sucesso desta 11ª edição, o director João Ferreira frisou "a enorme adesão do público ao festival", que este ano conquistou "muitos estudantes, sobretudo nas áreas do audiovisual, para além do público fiel».
Nuno Carvalho (DN)
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